Ex-presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, não é mais diretor das categorias de base do clube. Após a briga com Carlos Miguel Aidar, atual presidente, ele foi demitido.
Fator que mais motivou a demissão foi a carta divulgada por Juvenal, rebatendo as declarações de Aidar dadas à Folha, na última quarta-feira (10).
Aidar ficou irritado por Juvenal ter garantido que ficaria na diretoria independentemente da vontade do presidente. “Ficarei em nome do meu compromisso para com a instituição”, disse o ex-presidente na carta.
A demissão aconteceu nesta manhã, no Morumbi. Aidar e Juvenal se encontraram e o ex-presidente foi comunicado que não faz mais parte da diretoria. O encontro foi tenso, de acordo com cartolas do São Paulo.
O atual presidente se irritou com o conteúdo da carta e resolveu demiti-lo.
Juvenal estava no cargo desde abril, quando Aidar assumiu o posto de presidente.
Veja abaixo a entrevista de Aidar concedida à Folha, em que ele critica a gestão de seu antecessor.
Gestão sem controle
Aidar critica a falta de organização que encontrou no clube. “Quando era candidato, via o estilo com o qual o São Paulo era gerido. Me levava a uma preocupação: de gestão centralizada, não participativa, sem modelo de mecanismos de controle. Pedi o organograma de controle, não tem. Me deixou bastante aflito.
Encontrei o São Paulo muito pior do que imaginava, acostumado a benesses, com pessoas acostumadas a vantagens. Era comum ver diretor andando pelo clube com pacote de ingressos na mão para show, para jogo, distribuindo para sócios.
Viagens para diretores, conselheiros, passagens, hospedagens. Eu vendi 20 carros. Serviam pra quê? Para buscar pessoas. Diretor com carro e motorista por conta do clube. Meu carro está aí na porta, eu dirijo meu carro. O São Paulo parou no tempo.”
Dívida e milagre
O cartola relata que paga mensalmente R$ 2,3 milhões de juros de dívidas bancárias e que “está fazendo milagre”.
“Peguei o São Paulo [em abril] com R$ 109 milhões de dívida bancária. Em julho, tenho R$ 131 milhões de dívida. Aumentei R$ 22 milhões da dívida, que é a contratação do Kardec e imposto sobre ela. Vou compensar agora. Vou receber 5,4 milhões de euros pelas vendas de Douglas e Lucas Evangelista.
O São Paulo é um clube viável? É. Mas gastou mais do que podia. Eu estou fazendo milagre. Pago R$ 2,3 milhões por mês de juros bancários. Não é fácil gerir o São Paulo de hoje. Porque, não bastasse tudo isso, ainda tenho fogo amigo. Até o fim do ano que vem eu equilibro as finanças do São Paulo. Mas disputando título porque eu não posso vender o time e brigar para não cair”.
Estilo folclórico
O presidente faz menção ao estilo de seu antecessor, Juvenal Juvêncio, e o critica.
“Pagar bicho em dinheiro, no vestiário, em saquinho de pão? Acho que não dá mais. Dirigir o clube em duas, três pessoas… O jeito de ele gerir é ultrapassado”.
Contrato surpresa
Sem citar nome, Aidar afirma que um empresário de jogadores que não participou da venda de Lucas Evangelista para a Udinese foi beneficiado na negociação.
“Estou esperando um retorno da Fundação Getúlio Vargas para fazer uma auditoria de contratos. Porque eu não posso ser surpreendido com compromissos que não são conhecidos. Por exemplo, eu descobri, depois que vendi o Lucas Evangelista, que um empresário terá direito a 10% da venda porque ele prestou serviços de avaliação e intermediação para o Lucas, formado na nossa base.”