Deputados na diretoria da CBF podem ser usados para tirar Del Nero da Fifa

Por Marcel Rizzo

Não são só as faltas de Marco Polo Del Nero às reuniões do Comitê Executivo da Fifa que a Conmebol pode usar para tirar o cartola brasileiro do cargo de representante sul-americano na entidade mundial, como revelou a Folha.

A presença de três parlamentares em cargos de diretoria da CBF pode infringir o Código de Ética da Fifa, e ser usado como mais um argumento contra Del Nero. São eles, todos deputados federais, o vice da entidade, Marcus Vicente (PP-ES), o diretor de assuntos internacionais, Vicente Cândido (PT-SP), e o diretor de ética e transparência, Marcelo Aro (PHS-MG).

Artigo 14 do código diz que “em negociações com instituições governamentais e organizações nacionais e internacionais, associações e agrupamentos, pessoas vinculadas a este código devem permanecer politicamente neutras, em conformidade com os princípios e objetivos da Fifa, confederações, associações, ligas e clubes, e agir de forma compatível com sua função e integridade”.

Especialistas entendem que os três dirigentes da CBF, indicados por Del Nero, participam do parlamento em diversas questões ligadas ao desporto e à legislação do futebol, principalmente em áreas de interesse da CBF.

A tese segue se baseando que diretores nomeados por membros sujeitos ao código (caso de Del Nero), deveriam ser neutros politicamente, o que é impossível no caso dos parlamentares.

Se levado ao Comitê de Ética da entidade, Del Nero poderia ser obrigado a dispensá-los (apesar de Marcus Vicente ser o favorito para assumir a entidade caso o atual presidente precise se licenciar). Mais do que isso, este é mais um dos argumentos que a Conmebol deve usar para sacá-lo do Comitê Executivo e colocar o uruguaio Wilmar Valdez.

“Após a abertura democrática, as representações ficaram mais livres e abertas. Tem vários dirigentes sindicais, seja de corporações nacionais ou estaduais, no Congresso, por exemplo. Eu diria que é um tratamento especifico ao futebol. Não há um conflito, ser um parlamentar e estar numa instituição, desde que dê conta do trabalho.  Eticamente não vejo problema”, disse o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.

“O Marcelo Aro é diretor que está cuidando da questão ética, seria uma contradição terrível. O Marcus Vicente já era dirigente [em Minas], e depois se elegeu candidato”, completou Feldman.

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