A suspensão de Joseph Blatter, pelo comitê de ética da Fifa, fez crescer entre os funcionários na sede da entidade, em Zurique, campanha para que alguém sem ligações com a federação neste momento possa ser eleito presidente na eleição de fevereiro de 2016.
Já há manifestações entre funcionários de segundo e terceiro escalões sobre a necessidade de se trabalhar em paz na Fifa, o que não acontece desde 2013, quando escândalos de corrupção começaram a vir à tona. A preferência era pela entrada de alguém que teve ligação com o futebol dentro de campo, e não um “cartola de profissão”, como Blatter.
O francês Michel Platini era a bola da vez, mas sua ligação próxima com a Fifa (é vice-presidente), e acusações recentes de que teria recebido dinheiro não declarado da entidade, fez seu nome cair na bolsa de apostas interna — ele também foi suspenso pelo comitê de ética nesta quinta (8). Quem escolhe o presidente são as 209 associações, mas há funcionários do mundo todo trabalhando na Fifa, muitos indicados por membros das federações, e que são voz ativa sobre os votantes.
Um funcionário, de origem árabe, comentou recentemente com pessoa próxima que brasileiros que trabalham na sede já estão em campanha pelo brasileiro Zico, que se encaixaria no perfil de “não cartola”.
Posição semelhante teve o ex-jogador alemão Franz Beckenbauer, hoje dirigente influente na federação alemã, que fez movimento público de apoio ao sul-africano Tokyo Sexwale, 62, ativista anti-apartheid, que esteve preso com o ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela, e que indicou que pode se candidatar. Ele se encaixa no perfil “anti-cartola” defendido por funcionários da entidade.
Questionado, depois, por jornalistas austríacos, país onde participava de evento, sobre outros pré-candidatos que se enquadravam no perfil, Beckenbauer citou Zico. O brasileiro tenta conseguir cinco assinaturas de apoio de federações, até 26 de outubro, para se candidatar à presidência da Fifa.