O mal-estar entre a cúpula da Conmebol e a CBF devido às faltas de Marco Polo Del Nero em eventos da confederação sul-americana e da Fifa já modificou o tratamento até em documentos oficiais, notaram membros da Confederação Brasileira de Futebol.
O paraguaio Juan Ángel Napout, presidente da Conmebol, enviou duas cartas parabenizando as federações do Uruguai e do Brasil pelas medalhas de ouro conquistadas no futebol do Pan de Toronto. Os uruguaios venceram no masculino, e as brasileiras no feminino.
Chamou a atenção de aliados de Del Nero a diferença no tratamento no texto dos documentos.
A carta para Wilmar Valdez, presidente da Associação Uruguaia de Futebol, e também vice da Conmebol, começa com um “estimado amigo”. A de Del Nero tem início com um seco “estimado presidente”.
Segundo relatos, é o primeiro documento de Napout a Del Nero que o brasileiro não é chamado de amigo, praxe nas cartas enviadas pelo paraguaio aos presidentes das associações filiadas.
A diferença de tratamento segue nas cartas. O feito dos uruguaios é tratado como épico, e Valdez é chamado de querido no início do segundo parágrafo de sua carta. No fim, recebe um “forte abraço” de Napout, também usual nessas cartas, mas que sumiu na que Del Nero recebeu.
A do brasileiro é seca o tempo todo, e termina com “consideração e afeto de sempre”.
Dirigentes da Conmebol, reservadamente, já estudam usar o estatuto da entidade para tirar Del Nero do cargo como um dos três representantes da América do Sul na Fifa caso continue a faltar a eventos.
Del Nero passou a evitar sair do Brasil após as prisões de cartolas, suspeitos de receber propinas para fechar acordos comerciais. Ele diz que precisa ficar no país para tratar de temas como a MP do Futebol e a CPI que investigará a CBF no Senado.